Ibahia
A convivência com os usuários de drogas e pedintes que assusta os visitantes não incomoda os moradores do Centro Histórico de Salvador tanto quanto a deficiência de serviços básicos. Padaria, farmácia e supermercado, por exemplo, dificilmente são localizados entre as muitas lojas de artesanato, bares e galerias de arte da região.
Dados do escritório de referência do centro antigo indicam que 13.520 pessoas vivem na região, segundo levantamento do Censo 2000, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Os moradores só encontram suporte de comércio no entorno do Centro Histórico”.
O centro comercial é feito para o turista como um grande shopping center ao céu aberto, mas é fundamental perceber que existem pessoas morando aqui que necessitam comprar alimentos e remédios”, reclama a professora Gecilda Melo, 57, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico de Salvador (Amach).
A representante da comunidade, que há 22 anos mora na Rua 28 de setembro, reclama que, como início da 7ª etapa de revitalização do Centro Histórico, em 1995, diversos pequenos comércios que abasteciam o bairro foram retirados junto com os moradores.
“Ficou difícil comprar pão, por exemplo, porque aqui só tem duas padarias para atender todo mundo. Quando o pão acaba nessas, temos que ir para a Barroquinha”, explica a professora.
Há 12 anos residindo no Centro Histórico, a vendedora ambulante Nailda Souza Santos, 52 anos, precisa caminhar muito para fazer as compras do mês para sua família. “Aqui perto não tem nenhum grande supermercado. Preciso ir para a Calçada para fazer as compras. Farmácia aqui é artigo de luxo, pois a única que tem é feita para atender o turista. Quando preciso de remédio, tenho que ir para a Avenida Sete de Setembro”, relata a moradora da Rua 28 de Setembro.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Quem é esse cara?
É só o que se vê e se comenta pelas ruas de Salvador. O candidato que não pertence a partido político mas diz que vai transformar a cidade. Vários rostos formam sua fisionomia. Seu nome: Dos Reis. Não sei o que ele quer, mas taí o meu apoio a ele, que não usa pó de arroz no rosto nem tem sorriso de mentirinha.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Entrevista - "O Olodum está na luta por liberdade"
Cantor, compositor, produtor cultural e mestre de capoeira. Com mais de 300 músicas gravadas por intérpretes da música popular brasileira, Tonho Matéria conquistou milhares de fãs no Brasil e no mundo. Atualmente, divide a liderança do grupo percussivo Olodum, transmitindo mensagens de libertação e igualdade social. Na entrevista a seguir, realizada no dia em que o Centro Histórico de Salvador recebeu uma nova estátua em homenagem à Zumbi dos Palmares, o artista opina sobre a valorização e a herança de lutas deixada pelo líder negro na sociedade atual.
Qual a importância desta homenagem a Zumbi para o povo da Bahia?
Tonho Matéria - É um ato de grande importância porque registra e simboliza a nossa luta árdua do dia-a-dia na busca de políticas públicas e ações afirmativas para as comunidades carentes. A missão de Zumbi era um Brasil livre, independente, onde todos tivessem um pensamento único sem segregação. Mas isto não aconteceu porque o regime escravocrata fez com que a gente perdesse até a nossa identidade. A ONG A Mulherada conseguiu, com esse ato, trazer a imagem de Zumbi, fortalecer a nossa história e fazer com que ela não termine aqui, prossiga. Que outros Zumbis aconteçam e que séculos e séculos venham. Que as comunidades, as escolas, o governo e todo mundo comece a refletir que é preciso uma mudança, onde a gente não tenha mais o modelo eurocêntrico, mas sim um modelo libertário. E é isso que a imagem de Zumbi nos remete agora.
Essa busca por mudança e por políticas públicas voltadas para a valorização do negro é um dos legados de Zumbi?
TM - Claro. A luta de Zumbi foi buscar a resistência, a liberdade do negro ainda em cativeiro e fazer com o governo daquela época entendesse que a gente tinha que ter homens livres de pensamento e de idéias. E a gente não teve esse momento. Então nós estamos tentando buscar, através dessa nova imagem de Zumbi, esse auto-resgate.
Você acha que essa estátua vai ajudar o negro a se valorizar ainda mais?
TM - Sim, porque vendo essa imagem, o negro vai se auto-retratar e se fortalecer. A gente não pode parar, tem que continuar.
Na sua opinião, a Praça da Sé, no Centro Histórico de Salvador, foi o lugar ideal para receber essa homenagem?
TM - Sim, porque aqui nós estamos próximos ao Pelourinho, onde transitaram negros que formaram diversas rebeliões, como a Revolta dos Malês, Revolta dos Búzios, a luta dos capoeiristas, a busca por liberdade pelos negros que sofreram no pelourinho. Então nada mais justo que a Praça da Sé, uma via onde passam milhões de pessoas. Essa imagem vai ser vista todos os dias e as pessoas vão se auto-retratar através dela.
A maioria das músicas do Olodum retrata a história do negro e de suas lutas. Existe alguma com este enfoque que seja sua preferida?
Qual a importância desta homenagem a Zumbi para o povo da Bahia?
Tonho Matéria - É um ato de grande importância porque registra e simboliza a nossa luta árdua do dia-a-dia na busca de políticas públicas e ações afirmativas para as comunidades carentes. A missão de Zumbi era um Brasil livre, independente, onde todos tivessem um pensamento único sem segregação. Mas isto não aconteceu porque o regime escravocrata fez com que a gente perdesse até a nossa identidade. A ONG A Mulherada conseguiu, com esse ato, trazer a imagem de Zumbi, fortalecer a nossa história e fazer com que ela não termine aqui, prossiga. Que outros Zumbis aconteçam e que séculos e séculos venham. Que as comunidades, as escolas, o governo e todo mundo comece a refletir que é preciso uma mudança, onde a gente não tenha mais o modelo eurocêntrico, mas sim um modelo libertário. E é isso que a imagem de Zumbi nos remete agora.
Essa busca por mudança e por políticas públicas voltadas para a valorização do negro é um dos legados de Zumbi?
TM - Claro. A luta de Zumbi foi buscar a resistência, a liberdade do negro ainda em cativeiro e fazer com o governo daquela época entendesse que a gente tinha que ter homens livres de pensamento e de idéias. E a gente não teve esse momento. Então nós estamos tentando buscar, através dessa nova imagem de Zumbi, esse auto-resgate.
Você acha que essa estátua vai ajudar o negro a se valorizar ainda mais?
TM - Sim, porque vendo essa imagem, o negro vai se auto-retratar e se fortalecer. A gente não pode parar, tem que continuar.
Na sua opinião, a Praça da Sé, no Centro Histórico de Salvador, foi o lugar ideal para receber essa homenagem?
TM - Sim, porque aqui nós estamos próximos ao Pelourinho, onde transitaram negros que formaram diversas rebeliões, como a Revolta dos Malês, Revolta dos Búzios, a luta dos capoeiristas, a busca por liberdade pelos negros que sofreram no pelourinho. Então nada mais justo que a Praça da Sé, uma via onde passam milhões de pessoas. Essa imagem vai ser vista todos os dias e as pessoas vão se auto-retratar através dela.
A maioria das músicas do Olodum retrata a história do negro e de suas lutas. Existe alguma com este enfoque que seja sua preferida?
TM - Tem sim! “General negro dos palmares / Grande líder dos quilombolas / Lutou e morreu pela defesa / E pela liberdade / Dos seus irmãos”. É uma música maravilhosa do Germano Meneghel. E o Olodum está nessa luta por liberdade do negro nesse mundo moderno, com várias tecnologias que ainda oprimem. A voz do tambor do Olodum diz para as comunidades que é preciso, através da música, buscar a força de Zumbi para encontrar a liberdade.
Do Pelourinho para o mundo.
TM - Exatamente. Essa é a missão do Olodum!
O mestre de capoeira com o Grupo Mangangá
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Personagens da vida
Assim que chega em Salvador, o visitante se apaixona pela orla da cidade. Primeira parada: Farol da Barra. Depois de uma olhada geral, segue em direção ao Porto da Barra. Sobe a ladeira, passa pelo Corredor da Vitória e chega ao Campo Grande. O seu destino para acabar bem o dia já está perto. Depois de percorrer a turbulenta Avenida Sete, aprecia a vista da Praça Castro Alves, anda no Elevador Lacerda, percorre a Praça da Sé e, finalmente, seus olhos se abrem para o Terreiro de Jesus. Começa, ali, um percurso de história, arte e cultura. Mas o que seria deste extraordinário local se não existissem os seus personagens? Sejam eles principais ou secundários, todos colaboram para fazer do Pelourinho não só um ponto turístico único, mas também um lugar que emana vida. São capoeiristas, músicos, baianas, artistas de rua, artesãos e muitos outros profissionais convivendo com as dificuldades e vencendo os obstáculos do dia-a-dia. É por isso que o blog O Mural do Pelô irá enfatizar a história dessas pessoas, sem deixar de lado os monumentos e objetos que compõem o cenário do Centro Histórico de Salvador.
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